MPF reitera pedido de condenação de empresário preso com 103 kg de ouro em Boa Vista
12/12/2025
(Foto: Reprodução) O empresário Bruno Mendes de Jesus foi preso com barras de ouro em Hilux em Rondônia
Montagem/g1
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou as alegações finais no processo contra o empresário Bruno Mendes de Jesus, de 30 anos, preso com 103 kg de ouro em Boa Vista. O órgão reforçou o pedido de condenação pelos crimes ligados à maior apreensão de ouro ilegal registrada no país. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (12)
Alegações finais são a última manifestação das partes em um processo antes da decisão do juiz. Nessa etapa, defesa e acusação resumem os fatos, destacam provas, contestam pontos apresentados pela outra parte e reforçam seus pedidos — que foi o caso do MPF ao pedir a condenação de Bruno.
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Bruno está preso desde 4 de agosto, quando foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) perto da Ponte dos Macuxis, em Boa Vista, transportando o ouro. O minério foi avaliado em mais de R$ 61 milhões.
Ele se tornou réu em outubro pelos crimes de transporte ilegal de matéria-prima da União, receptação e uso de produto ou substância tóxica prejudicial à saúde e ao meio ambiente.
De acordo com o MPF, o transporte do ouro ocorreu sem qualquer autorização. Além disso, um laudo técnico confirmou que o minério veio de garimpo clandestino e tinha presença de mercúrio, o que indica fundição rudimentar compatível com produtos usados na atividade garimpeira artesanal.
“Tais características são típicas de ouro extraído de atividades de garimpo, cuja exploração exige prévia autorização legal e representa significativo risco ambiental, em razão do uso de mercúrio”, destaca o MPF.
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Para o MPF, o caso tem agravantes porque o transporte ilegal de ouro buscava obter vantagem econômica, foi feito de forma oculta e sem documentação, e envolveu substância tóxica que coloca em risco a saúde pública e o meio ambiente.
O órgão também destacou que a ação ocorreu em contexto ligado ao garimpo na Terra Indígena Yanomami, pela localização onde o crime foi praticado.
“Introduzir essa expressiva quantidade de ouro no mercado clandestino de Roraima é fomentar uma crise humanitária há muito conhecida e sobre a qual recaem esforços diuturnos do Poder Público”, diz um trecho da manifestação.
Prisão em flagrante
Bruno Mendes de Jesus, de 30 anos, foi levado à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o maior presídio de Roraima
Reprodução e Caíque Rodrigues/g1 RR
Bruno Mendes dirigia a uma Hilux ano 2024, quando foi parado pela PRF na altura da ponte dos Macuxis, na BR-401, por volta de meio-dia. No veículo também estavam a esposa e o filho do casal, um bebê de 9 meses.
Agentes suspeitaram de inconsistências na documentação apresentada por Bruno e decidiram fazer uma busca mais detalhada. Foi então que localizaram as barras de ouro escondidas parte no painel e em outros compartimentos do carro. Ele trabalha com construção civil e "grandes obras", segundo a PRF.
Levado à Polícia Federal, Bruno ficou calado. Natural de Rondônia, ele tem uma empresa varejista de artigos de vestuário e acessórios.
Quando foi abordado pela PRF, disse ser fiscal de obras e afirmou que havia saído de Manaus para verificar uma construção, mas não soube informar o nome ou o endereço da obra que seria fiscalizada. Ao chegar à PF, não disse mais nada. Ele foi acompanhado por dois advogados desde o momento da abordagem até o procedimento na polícia.
A defesa de Bruno informou em nota que ele é um "trabalhador que, como milhares de brasileiros, atua em atividades relacionadas ao setor mineral, que embora possam se desenvolver em áreas de tensão regulatória, são, para muitos, meio de subsistência e única alternativa de sobrevivência".
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