Médica é indiciada por homicídio culposo pela morte de defensora que tentou colocar DIU
24/11/2025
(Foto: Reprodução) Médica Mayra Suzanne Garcia Valladão divulga nas redes sociais trabalho ginecológico e com saúde íntima da mulher
Reprodução/Facebook
A médica Mayra Suzanne Garcia Valladão, de 35 anos, foi indiciada por homicídio culposo pela morte da defensora pública Geana Aline de Souza Oliveira, de 39 anos, em março deste ano. A investigação da Polícia Civil aponta que houve negligência e imperícia no atendimento à vítima.
O g1 tenta contato com a defesa médica Mayra. Geana morreu em 25 de março, uma semana após passar por uma tentativa de implantação de um DIU no consultório particular de Mayra, em Boa Vista.
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Peritos também concluíram que a infecção que levou Geana à morte teve origem ginecológica e era compatível com contaminação durante o procedimento, mesmo sem perfuração do útero. Foi confirmado o quadro de infecção pélvica grave com necrose dos órgãos reprodutivos e evolução para choque séptico.
A investigação reuniu prontuários, perícias, laudos, exames laboratoriais, imagens de atendimento, depoimentos de profissionais de saúde e mensagens trocadas entre a paciente e a médica.
Segundo o inquérito, Geana apresentou febre intensa, dor pélvica aguda e sinais de infecção progressiva logo após o procedimento, realizado em 18 de março.
Uma inspeção realizada em 28 de março pelas vigilâncias sanitárias municipal e estadual, acompanhada pela Polícia Civil, identificou falhas graves nos protocolos de esterilização dos instrumentos usados no consultório da médica.
Defensora pública Geana Oliveira morre em Boa Vista
Reprodução/Instagram
Quando Geana retornou ao consultório já muito debilitada, a médica chegou a registrar líquido na cavidade abdominal, mas não deu um encaminhamento formal para atendimento de urgência. Segundo a investigação, esse documento poderia ter agilizado a triagem e o manejo da paciente no hospital.
O local teve os procedimentos ambulatoriais cirúrgicos suspensos. Os peritos ainda constataram que o material de reúso era manipulado por pessoa sem qualificação técnica, o que elevava significativamente o risco de contaminação.
Logo após a morte da defensora, circularam rumores de que ela estaria grávida ou teria passado por um aborto. A Polícia Civil descartou ambas as hipóteses.
“Não se trata de acusação leviana, mas de conclusão técnica: os elementos apontam que o procedimento e as falhas associadas a ele foram determinantes para o desenvolvimento da infecção que levou à sepse”, afirmou a delegada Jéssica Muniz Abrantes, que investigou o caso.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público de Roraima, que vai decidir se oferece denúncia.
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Geana passou por uma tentativa de colocar um DIU no dia 18 de março. Após ser liberada, apresentou febre e dores intensas e, no dia 25, deu entrada no Hospital Ville Roy já em estado gravíssimo, com quadro de choque séptico. Ela não resistiu.
O MPRR e o Conselho Regional de Medicina abriram procedimentos para apurar o caso. No dia da morte, a médica divulgou uma nota classificando o ocorrido como uma “fatalidade”. Disse ainda que prestou toda a assistência necessária. Depois, apagou a nota do perfil.
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