Parte dos 51 kg de ouro apreendidos estava escondida em colete de adolescente em Roraima
09/12/2025
(Foto: Reprodução) Parte dos 51 kg de ouro apreendidos em Roraima estava escondida em colete debaixo de casaco do adolescente
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Parte dos 51 kg de ouro apreendidos em um avião de pequeno porte no Aeroporto Internacional de Boa Vista estavam escondidos por baixo do casaco do adolescente de 17 anos apreendido na ação. Ele vestia um colete carregado com barras de ouro por baixo da roupa para tentar despistar a fiscalização.
Outra parte significativa do minério estava escondida atrás do banco do piloto, Armando Palla Junior, de 57 anos. O material estava embalado em plásticos azuis com fitas adesivas em um saco preso sob a parte traseira do assento.
A aeronave chegou à capital de Roraima vindo de Itaituba, no Pará. A carga de ouro estava dividida em 54 barras e foi avaliada em R$ 36,8 milhões.
Na mesma ação, também foram presos o empresário Rychael Castro Gonçalves, de 33 anos, e o sargento da reserva do Exército João Heriberto Ferreira dos Santos, de 55. As prisões em flagrante ocorreram na terça-feira (2) e foram convertidas em preventivas pela Justiça Federal. O menor foi entregue a um responsável.
A prisão deles foi decretada pela juíza Mirna Brenda de Magalhães Salmázio, da 4ª Vara Federal Criminal durante audiência de custódia. Na decisão, a magistrada destacou a gravidade de envolver um adolescente de 17 anos no esquema.
"A utilização do adolescente para ocultar barras de ouro em seu corpo demonstra a ousadia do grupo em envolver inimputável na prática delitiva para ludibriar a fiscalização", escreveu a juíza.
Caderno de 'missões'
A vistoria da PF revelou que o grupo operava de forma profissional e reiterada. Na mochila do sargento João Heriberto, que fazia a segurança armada da carga com uma pistola Glock G25, os agentes encontraram 12 munições.
Segundo a Polícia Federal, a arma indica uma "possível atribuição de garantir a segurança da carga". Além disso, registros de valores recebidos por "missões" encontrados na agenda pessoal de João Heriberto apontam indícios de serviços voltados à proteção do transporte.
A contabilidade de pagamentos detalhava registros de datas e valores (geralmente R$ 500 por dia ou etapa). Para a PF, o material indica que as atividades ligadas ao transporte de metal seriam recorrentes.
Reincidência no tráfico de ouro
As investigações apontaram ainda que o empresário Rychael Castro Gonçalves já figurou como investigado em um inquérito de 2022. Na ocasião, um homem foi preso com 14 kg de ouro no aeroporto de Belém (PA).
A apuração ligou Rychael como principal articulador logístico, responsável por emitir passagens, coordenar pagamentos e orientar os "mulas" sobre como burlar o raio-x do aeroporto.
Em Roraima, o empresário assumiu à PF que carregava parte das barras de ouro, mas disse que o material não era dele e que apenas faria a entrega na fazenda. Ele contou que já havia realizado outras viagens semelhantes.
Para a polícia, a dinâmica do flagrante em Roraima mostrou uma organização criminosa com divisão clara de tarefas:
Armando (piloto): responsável pela logística aérea e rota de fuga.
Rychael e adolescente (transportadores): Responsáveis por carregar o ouro no corpo (bolsos, mochilas e colete).
Sargento da reserva Heriberto (segurança): Responsável pela proteção armada da carga.
Carga de R$ 36,8 milhões
A carga de ouro estava dividida em 54 barras e avaliada em R$ 36,8 milhões, de acordo com a cotação atual do Banco Central (BC).
Em quatro meses, a ação dessa terça-feira (2) foi a quinta apreensão de ouro em Roraima, o que soma 213,69 kg do minério.
A apreensão foi uma ação conjunta da PF, da Anac e da Casa de Governo, órgão federal que atua no combate a garimpos ilegais. Relembre todas as apreensões:
1ª apreensão - No dia 4 de agosto, foram apreendidos 103 kg de ouro avaliados em R$ 61 milhões. O material era transportado em uma Hilux. O motorista Bruno Mendes de Jesus, 30, foi preso e virou réu por usurpação de bens da União. Foi a maior apreensão de ouro feita pela Polícia Rodoviária Federal no país.
2ª apreensão - A segunda apreensão foi no dia 10 de outubro durante uma abordagem de rotina. Um carro de passeio transportava 11,6 kg de ouro, avaliado em R$ 8 milhões, escondido debaixo do banco do passageiro. O motorista, de 48 anos, também foi preso.
3ª apreensão - No dia 20 de outubro, agentes da PRF apreenderam 37,4 kg de ouro em barras durante uma abordagem policial. O material estava com o motorista de uma Montana, de 53 anos, que foi preso em flagrante.
4ª apreensão - 10,2 kg de ouro maciço foram apreendidos na BR-401, em Boa Vista, no dia 22 de outubro. Um homem foi preso.
Veja reportagem sobre o caso:
Juiz decreta prisão preventiva de empresário, piloto e sargento presos com ouro
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